MPE aponta desvios de R$ 220 milhões em esquemas na Saúde

Investigação apontou existência de organização criminosa em Pasta e TJ mandou afastar prefeito
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O delegado Francisco Kunze Júnior, que atua no Naco
DA REDAÇÃO
O Naco (Núcleo de Ações de Competências Originárias) suspeita que a gestão do prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB) tenha lesado os cofres públicos em cerca de R$ 220 milhões somente em esquemas na Saúde.
O montante diz respeito a diversas investigações – e algumas culminaram em operações policiais – das quais a Secretaria Municipal de Saúde foi alvo ao longo dos sete anos de Emanuel à frente do Palácio Alencastro.
A informação sobre o montante consta na determinação do desembargador Luiz Ferreira da Silva, da Turma das Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que mandou afastar o prefeito por seis meses.
O Naco, setor do MPE que investiga pessoas com foro especial, como prefeitos, enumerou 15 investigações contra a gestão Emanuel. “Foi possível identificar condutas similares, nas quais alguns agentes tinham atuação repetidas em investigação de fatos diferentes, forma de atuação e sustentação política e econômica que dava alicerce à mencionada organização criminosa”, diz o Naco em decumento assinado pelo delegado Francisco Kunze Júnior e o promotor Carlos Roberto Zarour Cesar.
“Cuja finalidade específica é a sangria dos cofres públicos, através da obtenção de benefícios ilícitos, com atuação sistêmica e duradoura dentro do Poder Executivo Municipal, causando danos imensuráveis ao erário”.
No pedido de afastamento do prefeito, o MPE lista as operações realizadas contra a Prefeitura e o valor do prejuízo investigado em cada uma delas. Em algumas das operações, o MPE não citou valores.
Veja abaixo as operações citadas e o montante do prejuízo conforme o MPE:
1ª – Operação Sangria: prejuízo de R$ 2 milhões
2ª – Operação Curare: prejuízo de R$ 100 milhões
3ª – Operação Capistrum: prejuízo de R$ 16,5 milhões
4ª – Operação Palcoscenico: prejuízo de R$ 730,9 mil
5ª – Operação Hypnos I: prejuízo de R$ 3,2 milhões
6ª – Operação Smartdog: prejuízo de R$ 5,1 milhões
7ª – Operação Overpay: prejuízo de R$ 25,9 milhões
8ª – Caso Log Lab: prejuízo de R$ 800 mil
9ª – Caso Family: prejuízo de R$ 5,1 milhões
10ª – Caso Norge Pharma: prejuízo de R$ 9,7 milhões
11ª – Operação Iterum: prejuízo de R$ 52 milhões
Líder e articuladores
Além de Emanuel, também foram alvos da decisão três de seus principais subordinados: o assessor-executivo de Governo Gilmar de Souza Cardoso; o ex-secretário de Saúde Célio Rodrigues da Silva; e o ex-adjunto de Saúde Milton Corrêa da Costa.
Os quatro são acusados de integrar uma organização criminosa com objetivo de saquear os cofres da Saúde da Capital. O Naco apontou que ao longo da gestão de Emanuel diversas operações foram deflagradas a fim de desarticular esquemas na Saúde.
O Naco aponta Emanuel como líder da organização criminosa; Gilmar Cardoso atuaria como o articulador operacional e Célio Rodrigues e Milton Correa como articuladores empresariais.
“Destacam que os representados detêm influência no aparato policial estadual e federal, de forma a tentar obter dados sigilosos e até mesmo interferir nas investigações em andamento, o que a torna uma organização criminosa especialmente periculosa, razão pela qual a permanência de Emanuel Pinheiro no cargo põe em risco a eficácia e o resultado concreto da persecução e da ordem pública”, consta em um trecho da decisão.
Uma investigação policial levantou a relação entre os esquemas investigados em operações das quais a gestão Emanuel foi alvo. O relatório, concluído no dia 15 de fevereiro, citou a Operação Sangria, as três fases da Curare, deflagradas pela Polícia Federal, e a Overpriced.
“Após o trabalho foi possível identificar conduta similares, nas quais alguns agentes tinham atuação repetidas em investigação de fatos diferentes, forma de atuação e sustentação política e econômica que dava alicerce à mencionada organização criminosa”, diz a decisão.