Falso cantor é preso em Várzea Grande por aplicar “golpe do mecânico”

Foi preso no sábado (10) W “B”, um falso cantor que liderava uma quadrilha especializada em aplicar o chamado “golpe do mecânico” contra pessoas idosas. A prisão foi executada pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Várzea Grande/MT. Segundo a Polícia Civil, o criminoso praticou extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, agravada pelo emprego de mais pessoas e ainda pelo uso de arma de fogo. Um segundo criminoso está foragido.
A investigação da DERF apurou que ele e um comparsa, ambos vindos de Guarulhos (SP), planejavam os crimes de forma minuciosa, investindo em logística, com passagens áreas, locação de veículos de alto padrão e hospedagens em hotéis diversificados, e percorriam vários estados do Brasil deixando um rastro de prejuízo para pessoas idosas em diversas cidades.
Segundo revelaram as investigações, o criminoso se passava por cantor e chegava nas cidades dizendo que queria fazer um show. Ao lado de comparsas, ele monitorava idosos em supermercados e postos de saúde, esperava a vítima sair com o veículo e, então, as seguia.
Na sequência, atiravam algum objeto contra o veículo do idoso, fazendo com que o motorista parasse ou reduzisse a velocidade. Em seguida, sem que a vítima percebesse, jogavam um produto sobre o capô do veículo para provocar fumaça, fazendo os idosos acreditarem que o carro estaria com problemas mecânicos.
Quando a vítima descia do veículo, os criminosos entravam em cena, dividindo as funções e aplicando o “golpe do mecânico”. A intenção era fazer com o que o idoso pagasse pelo falso conserto. Com o cartão da vítima já na máquina, os criminosos digitavam um valor alto. A vítima só ia perceber muito tempo depois, não havendo mais possibilidade de bloqueio do valor.
No dia 24 de agosto deste ano, W B e o comparsa, que também teve prisão decretada, colocaram o plano criminoso em ação contra um idoso de Várzea Grande/MT. A Derf apurou que os bandidos pretendiam aplicar o “golpe do mecânico” contra o homem. Mas a ação criminosa, planejada no começo como estelionato, evoluiu para o crime de extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, que foi sequestrada, e emprego de mais pessoas e uso de arma de fogo.
A vítima de 74 anos trafegava com o seu veículo pela Avenida Eduardo Gomes, no centro da cidade, para uma consulta médica. O idoso ouviu um forte barulho em seu carro, sendo que, em logo em seguida, o Chevrolet Tracker, conduzido pela dupla, emparelhou com o veículo da vítima e os criminosos “alertaram” o idoso de que o seu veículo estava enfumaçando. Os criminosos seguiram com o carro e pararam na rua lateral.
O idoso parou o veículo e desceu para verificar o que havia ocorrido, abriu o capô, verificou que não havia nenhuma fumaça, mas constatou que haviam quebrado uma lanterna. Em seguida, W B se aproximou, dizendo que era gerente de uma concessionária e simulando entender de mecânica, ofereceu ajuda e começou a mexer no veículo, se dispondo a acionar um mecânico e um guincho. Ele pegou o celular e simulou que estava ligando para um mecânico.
O idoso ainda tentou se livrar da situação, argumentando que precisava ir ao posto de saúde, mas o bandido deu continuidade ao plano criminoso e se dispôs a acompanhá-lo e aguardar o “mecânico”, enquanto o idoso faria a consulta médica. Ao chegar na frente do posto de saúde, novamente Wilson Bola abriu o capô e continuou simulando que estava mexendo nas peças do motor.
O idoso contou à equipe de investigação que teve um mal pressentimento e não demorou no posto de saúde. Ao retornar ao seu veículo, se deparou com o comparsa junto com W B, que se apresentou como mecânico. A vítima desconfiou, o que deixou um dos criminosos furioso e o falso mecânico ordenou que o comparsa levasse o idoso para a rua lateral, menos movimentada.
A vítima afirmou que, temendo por sua vida, tentou argumentar que seu veículo não estava com nenhum problema mecânico e que deveria descer. Contudo, W C ficou furioso e sacou uma arma de fogo dizendo: “você vai sim, vai para onde eu mandar!” Sob a mira da arma, o idoso dirigiu até a rua paralela, onde o falso mecânico os aguardava, que entregou uma máquina de cartão ao comparsa e ordenou que a vítima entregasse o cartão bancário.
Foram registrados R$ 4.980,00 na máquina e ordenado ao idoso que digitasse a senha. A vítima pôs a senha errada e foi ameaçada para que digitasse a senha correta, caso contrário o levaria para o matadouro. Assim, a vítima foi lesada no valor de quase cinco mil reais.
Além do valor extorquido, a dupla criminosa tentou efetuar compras com o cartão, porém, bloquearam o cartão. Os dois ficaram furiosos e passaram a xingar o idoso e ameaçaram matá-lo. O obrigaram a desbloquear um aplicativo bancário e fizeram duas transferências via Pix, uma de R$ 4.970,00 e outra no valor de R$ 2.700,00 reais.
No total, os criminosos extorquiram da vítima R$ 12.650,00, valor proveniente de um empréstimo que o idoso fez para reformar a sua casa. “Devido ao crime perpetrado pelos investigados, o idoso está pagando as parcelas sem usufruir do dinheiro”, destacou a delegada Elaine Fernandes.
Apesar da demora no registro do boletim de ocorrência, a DERF conseguiu fazer o bloqueio de R$ 4.980,00 e o valor, que foi passado em cartão, foi efetivado no dia 29 de novembro para a conta da vítima.
Para cometer o crime em Várzea Grande/MT, a dupla de criminosos investiu alto em logística: vieram para a cidade de avião, locaram um veículo Chevrolet Tracker, e se hospedaram em hotéis com diárias caras. Na data do roubo, os dois se hospedaram em um hotel em Cuiabá e, no dia seguinte, foram para um hotel de Várzea Grande/MT, no intuito de dificultar a investigação.
Em setembro deste ano, o líder da quadrilha foi preso com outros dois comparsas, em Dourados (MS). Em um hotel em Campo Grande/MS, onde a quadrilha se hospedou, foram apreendidos diversos materiais e evidências dos crimes praticados.
A titular da Derf de Várzea Grande/MT destaca o empenho da equipe de investigação Fox Romeu. “O resultado positivo é fruto do trabalho de dois investigadores comprometidos com a missão, que trabalharam incansavelmente para a elucidação da autoria, não medindo esforços para que a investigação atingisse êxito”, finaliza a delegada Elaine Fernandes.
Por; Repórter MT